Psicoterapia psicanalítica

A qualidade da relação terapeuta-paciente é um dos instrumentos principais desta abordagem.

O que é a psicoterapia psicanalítica?

 

A psicoterapia psicanalítica é uma modalidade de intervenção psicológica que enraíza a sua fundamentação teórica no corpo de conhecimentos desenvolvido pela psicanálise. É, a par da Psicanálise, a modalidade psicoterapêutica mais eficaz na reestruturação em profundidade da personalidade.

As abordagens psicanalíticas procuram ver a pessoa no seu conjunto e não apenas os seus sintomas ou a sua circunstância de vida atual. É, tal como a psicanálise, uma psicoterapia de percurso, na medida em que o acompanhamento psicoterapêutico frequentemente se estende por vários anos e o psicoterapeuta acompanha a vida da pessoa, semana após de semana, podendo observar as dinâmicas do seu funcionamento em múltiplas situações de vida e interações interpessoais. 

É uma psicoterapia muito completa e complexa. A relação entre o paciente e o seu terapeuta tem contornos muito especiais e o terapeuta torna-se, à medida que a terapia evolui, alguém muito especial para o paciente e vice-versa.

A qualidade da relação terapeuta-paciente é um dos instrumentos principais desta abordagem. O paciente encontra no seu terapeuta e na relação que estabelece com ele um tipo de relacionamento completamente diferente de todos os outros. Com o terapeuta o paciente pode - e deve - ser totalmente sincero sem receio de censura, punição ou quebra de relação. O terapeuta não é um amigo, mas em muitos sentidos a qualidade da sua relação supera a amizade. O terapeuta é alguém que está sempre lá (independentemente das circunstâncias de vida do paciente) para ouvir, compreender, analisar, interpretar, devolver, acompanhar, ajudar a transformar as emoções e as vivências mais complicadas, e dessa forma ajudar o paciente a transformar-se, podendo ser cada vez mais quem é.

Em que casos se aplica?

 

A psicoterapia psicanalítica é adequada a praticamente todo o tipo de perturbações de personalidade e perturbações sintomatológicas, sendo particularmente indicada para pessoas culturalmente diferenciadas e interessadas em investigar a sua própria personalidade e a sua relação consigo próprias, com os outros e com o mundo.

É também adequada a pessoas que queiram simplesmente conhecer-se melhor e que não sofram de nenhuma dificuldade em particular ou psicopatologia, pessoas que sofram de angústias vagas e difusas, complexos, frustrações, problemas, conflitos, etc., mas que não têm qualquer sintoma. São pessoas que parecem ter tudo para estar bem e serem capaz de aproveitar a vida com satisfação, realização e prazer, mas que não o conseguem fazer.

As restrições das indicações para psicoterapia psicanalítica prendem-se com a motivação e a capacidade de investimento do paciente na tarefa proposta.

O paciente em psicoterapia psicanalítica tem que ter: 

Motivação adequada para se envolver num processo psicoterapêutico que se prevê longo (vários anos);
Capacidade mínima de insight (avaliada pelo psicoterapeuta - capacidade mínima para refletir sobre si próprio e para olhar com alguma distância para si próprio, para os seus pensamentos, sentimentos, comportamentos, etc.);
Predisposição para estabelecer uma relação intensa e privilegiada com o/a psicoterapeuta;
Ser capaz de aceitar as regras da psicoterapia que passam por setting bem definido (pouco ou nenhum contacto com o psicoterapeuta fora das sessões, regularidade na marcação das sessões, etc.);
Ser capaz de falar sobre si de forma livre e aberta revelando a sua intimidade, os seus receios mais profundos, as suas dificuldades, fantasias, sonhos, idiossincrasias, etc.;
Capacidade financeira para suportar um processo psicoterapêutico longo e que não deve ser interrompido prematuramente.

Esta abordagem é especialmente indicada para pacientes:

Ansiosos;
Deprimidos;
Histéricos;
Obsessivos;
Fóbicos;
Narcisistas;
Borderlines;
Psicossomáticos;
Com transtornos alimentares.

Há muitos outros quadros psicopatológicos que são ajudados com sucesso pela psicoterapia psicanalítica.

 

Como funciona?

 

A psicoterapia psicanalítica é uma talking therapy (terapia pela fala). 

O paciente disponibiliza-se a falar, de uma forma sincera e livre, sobre si próprio, sobre a sua situação de vida, acontecimentos do dia-a-dia, experiências emocionais, memórias, fantasias, história de vida, etc., e o terapeuta, através do processo de escuta ativa e empática, tenta encontrar padrões reveladores do funcionamento psicológico do paciente e interpretar esses mesmos padrões revelando-os ao paciente, e dessa forma ajudando-o a conhecer-se melhor, a conhecer melhor o seu inconsciente e os seus mecanismos inconscientes. Para além deste trabalho de observação e acompanhamento a par e passo, a própria relação psicoterapêutica e o seu estudo feito em conjunto pelo par psicoterapeuta-paciente torna-se uma relação transformadora e geradora de novos modelos, que têm um efeito potencialmente terapêutico..

A psicoterapia psicanalítica faz uso da transferência (fenómeno estudado por Freud, no qual o paciente transfere para o psicoterapeuta emoções, expectativas, sentimentos, comportamentos, etc., que foram, em determinado período da vida, vividos com pessoas significativas da sua vida, como, por exemplo, pai ou mãe) como forma de projetar e recriar os conflitos psíquicos e os mecanismos defensivos inconscientes. Transferidos, esses sentimentos são identificados, desvelados e analisados pelo psicoterapeuta. Progressivamente o paciente é levado a assumir responsabilidade sobre o seu funcionamento psicológico. O terapeuta faz uso de várias técnicas para atingir os seus objetivos terapêuticos, as principais são: Clarificação, confrontação, interpretação, análise e interpretação da transferência e extra-transferenciais, sugestões, esclarecimentos, orientações (pouco), aconselhamento (pouco), auto revelação (pouco).

 

Qual a duração das sessões?

 

As sessões têm habitualmente a duração de 45 ou 50 minutos.

 

Qual a duração dos tratamentos?

Os tratamentos têm habitualmente uma duração longa entre os 3 e os 8 anos.